Tipos de Bolsas

Ao indicar um dispositivo coletor, é importante o enfermeiro conhecer e
observar todas as suas características, bem como a presença de componentes
específicos e suas respectivas funções, da bolsa coletora e da barreira adesiva.
Considerando que o equipamento coletor consiste de bolsa coletora e placa
adesiva, esses itens serão abordados separadamente.

Bolsa Coletora

A Bolsa coletora, para cumprir eficientemente a sua função no processo de
reabilitação da pessoa Ostomizada, deve proporcionar a coleta do efluente de
forma segura, discreta e confortável.
Independentemente do tipo de estoma e do efluente, o material plástico para
a confecção da bolsa deve ser macio; flexível; silencioso; resistente à prova de
odor, umidade e vazamento; atóxico e hipoalergênico. Somam-se outros
requisitos para a eficiência da bolsa coletora, por exemplo, a segurança, a
discrição e o conforto.

Os componentes específicos e outras características da bolsa apresentam
variações de acordo com a sua classificação quanto à indicação para os diversos
tipos de estoma e efluentes e à faixa etária da pessoa que vai utilizar o produto.
Dentre as características da bolsa, destaca-se a presença ou não de
abertura em sua porção inferior, que determinará se ela será fechada ou
drenável.

Bolsa fechada – refere-se à bolsa coletora que realiza a coleta do efluente
eliminado pelo estoma, mas não permite a sua drenagem; por isso, é indicada
apenas para colostomia com uma ou duas eliminações por dia. Deve ser
descartada após cada eliminação de efluente.

Bolsa drenável – refere-se à bolsa que realiza a coleta do efluente eliminado
pelo estoma e permite a sua drenagem. Tratando-se de bolsa para estoma intestinal, a drenagem do efluente se dará através de uma ampla abertura localizada na sua extremidade inferior.

No caso da bolsa para estoma urinário, a drenagem do efluente dar-se-á através de uma válvula de drenagem, também
localizada em sua extremidade inferior. A ampla abertura e a válvula de
drenagem presentes nas bolsas drenáveis para estoma intestinal e urinário
requerem a presença de um eficiente sistema de fechamento que pode ser avulso
ou integrado.

Bolsa Coletora Urinaria Tendo em vista o tipo de estoma e efluente, as características da bolsa
coletora podem variar no aspecto da transparência, translucidez ou opacidade do
material com o qual é confeccionada.


Bolsa transparente – refere-se ao plástico através do qual é possível
visualizar as características do estoma e efluente, com nitidez

Bolsa opaca – refere-se ao plástico através do qual não é possível visualizar
as características do estoma e efluente, proporcionando maior discrição.

Equipamento de 1 peça ou 2 peças
O equipamento coletor de uma (1) peça refere-se à condição da bolsa
coletora e a base adesiva estarem fixos entre si, incorporados em peça única.
Nesse caso, havendo necessidade de retirada da bolsa, a base adesiva será
removida da pele juntamente com a bolsa e vice-versa.

 

O equipamento coletor de duas (2) peças refere-se à condição da bolsa
coletora encontrar-se separada da base adesiva. Nesse caso, a bolsa coletora e
a barreira adesiva possuem um sistema compatível para acoplamento entre si,
por encaixe ou adesividade, de forma que a bolsa possa ser retirada e
manuseada isoladamente e novamente acoplada ou descartada para o
acoplamento de outra bolsa compatível, enquanto a placa permanece aderida à
pele.

Os componentes que podem estar presentes especificamente
na bolsa coletora para estoma intestinal são:

CINTOS
As bolsas coletoras de duas peças apresentam dispositivo para encaixe de
cinto que se refere a duas pequenas hastes que, possibilitam o encaixe universal
de cinto para bolsas de coletoras . Nos dispositivos de duas peças, dependendo
de cada fabricante, as hastes podem estar presentes como componentes da
bolsa coletora (FIG.01), ou como componentes da placa de resina sintética,
geralmente fundidas ao flange(FIG.02).

FIGURA 01 – Bolsa coletora com haste para encaixe do cinto na bolsa

FIGURA 02 – haste para encaixe do cinto está na placa adesiva.

Cinto Elástico
Consiste em um cinto confeccionado em algodão e nylon, elástico, ajustável
por presilha reguladora de comprimento, com bordas para encaixe universal em
hastes dos equipamentos coletores de uma ou de duas peças, ou nas hastes do
suporte para cinto. É utilizado para proporcionar maior segurança ao paciente,
principalmente quando há dificuldade de adaptação da placa adesiva ao abdômen
na região periestomal.

Sistema de fechamento
refere-se ao componente que cumpre a função de permitir o perfeito
fechamento da área de drenagem da bolsa coletora drenável, sem
extravasamento de efluente, que pode ser integrado à bolsa ou ser avulso Nas
bolsas coletoras que possuem sistema de fechamento integrado, esses podem
ser de conectores plásticos ou de velcro, sendo que toda bolsa desse tipo apresenta o próprio sistema de fechamento incorporado nela.

Nas bolsas
coletoras que possuem sistema de fechamento avulso, esses podem ser de pinça
/ clamp ou de presilha plástica, apresentados separados da bolsa e numa
proporção determinada pelo fabricante, não necessariamente de um sistema de
fechamento para cada bolsa coletora, já que ele pode ser reutilizável.
Independentemente do tipo, todo sistema de fechamento deve ser eficiente,
resistente e de fácil manuseio.

Filtro de carvão ativado
refere-se a um filtro que, engenhosamente incorporado a um pequeno
orifício do plástico da bolsa coletora , cumpre a função de neutralizar o odor
desagradável dos gases eliminados pelo estoma, durante a sua saída pelo orifício
da bolsa, evitando incômodo e constrangimento causado por eles, bem como
evitando que a bolsa fique inflada pelos gases, como um balão, o que causaria
indiscrição.

A sua indicação deve adequar-se ao tipo de clientela à qual será
aplicado, uma vez que, dependendo do seguimento (segmento) intestinal
exteriorizado durante a confecção do estoma, bem como dos hábitos alimentares
da pessoa ostomizada, haverá maior ou menor produção de gases pelas funções
fisiológicas intestinais. Para colostomias, é necessário o uso de bolsa com filtro, e
não se admite bolsa fechada sem esse componente.

Bolsa coletora para estoma urinário

Os componentes que podem estar presentes especificamente nas bolsas
coletoras para estoma urinário são a válvula antirrefluxo e válvula de drenagem.

Válvula antirrefluxo – refere-se a um mecanismo presente no interior da bolsa
cole-tora para estoma urinário, composto de um filme plástico do mesmo material
da bolsa, que a subdivide em dois compartimentos internos – o primeiro, menor e
com contato direto ao estoma, tem a função de protegê-lo do efluente; já o
segundo compartimento é maior, com a função de reservatório do efluente. Ao
sair do estoma, o efluente passa pelo primeiro re-servatório através de aberturas
existentes na fusão do filme plástico que subdivide a bolsa, de forma que, uma
vez no compartimento maior, o efluente não pode fazer o fluxo contrário,
impedindo o contato entre o efluente presente no reservatório e o estoma. Esse
mecanismo é denominado de “válvula antirrefluxo” e tem a função de proteger o
estoma do efluente, reduzindo o risco de vazamento e o descolamento da placa
adesiva.
Válvula de drenagem – refere-se a um mecanismo tubular incorporado na
extremidade inferior da bolsa coletora para estoma urinário, através do qual o
efluente é drenado. Tem a função de permitir o direcionamento da urina durante o
esvaziamento limpo da bolsa, bem como o seu perfeito fechamento. Deve ser
resistente, de fácil manuseio e perfeitamente adaptável a coletores urinários de
leito ou de perna.

Algumas bolsas para estoma urinário apresentam multicâmaras, isto é,
subdivisões presentes no compartimento interno de reservatório da bolsa que
proporcionam uma distribuição mais uniforme do efluente dentro do reservatório
e, consequentemente, maior discrição.

Placa Adesiva

A placa adesiva funciona como barreira adesiva e tem, além da função de
manter o equipamento coletor aderido à pele, a de protegê-la da ação deletéria
do efluente. É importante a pessoa apresentar área abdominal plana suficiente,
ao redor do estoma, para a aplicação de toda a parte adesiva da placa.
Para melhor entendimento sobre a placa adesiva, seja ela do dispositivo de
uma peça, seja do dispositivo de duas peças, pode-se analisá-la sobre dois
aspectos:
Primeiro o material empregado em sua fabricação, ou seja, a composição da

resina.
segundo suas demais características, tais como forma, alinhamento ao
abdome, diâmetro do pré-corte ou recorte, apresentação de componentes
variados, dentre outros. Todos esses aspectos têm importante influência no
desempenho e na eficiência da barreira adesiva, em suas funções de proteção e
aderência à pele.
No que se refere ao material empregado no seu desenvolvimento, as placas
adesivas podem compor-se de resina sintética ou de resina mista.
Resina sintética – barreira adesiva composta de dois ou três hidrocoloides:
carboxi-metilcelulose sódica associada à gelatina, à pectina ou a ambas. A
gelatina é uma substância obtida pela desnaturação do colágeno da pele e/ou
dos ossos de animais, e a pectina é uma substância orgânica contida nas
membranas celulares dos vegetais.

Também há resinas sintéticas que, além de
hidrocoloides, apresentam em sua composição amido de batata, estireno–
isopreno-estireno, poliisobutileno, borracha de butila e hidrocarboneto alicíclico
hidrogenado.

Resina mista – barreira adesiva composta de goma de Karaya e
carboximetilcelulose sódica. A Karaya é produzida a partir da seiva da árvore
Sterculia urens, e a carboximetil-celulose sódica é um polímero orgânico
modificado, derivado da celulose.

Os dispositivos coletores para estomas disponibilizados pela SES-MG
apresentam bar-reira adesiva fabricada em resina sintética, que,
independentemente de seus demais compo-nentes, deve promover o alívio
alternativo da pele, proporcionando tratamento e segurança.
A barreira adesiva deve ser ainda confeccionada em material flexível, que
acompanhe o contorno do corpo, aderente, que apresente firme adesão à pele,
mas que, ao ser retirado, não traumatize a epiderme e não deixe resíduos de
difícil remoção na pele, e hipoalegênico2.

Em relação às demais características e componentes da barreira adesiva,
deve-se atentar para o alinhamento ao abdome, o formato e as bordas
específicas.
Alinhamento ao Abdomem – refere-se à superfície da barreira adesiva
aderida à pele, que pode apresentar-se plana ou convexa. As placas planas são
indicadas para estomas com protrusão, ao passo que as placas convexas, para
estomas planos ou com retração.
2 Considera-se produto hipoalergênico aquele cujas chances de causar alergia são menores que a dos outros, ou
seja, quando testados em pacientes alérgicos, não causam alergia em 98% dos indivíduos. Isso significa que,
mesmo sendo hipoalergênico, pode causar alergia em 2% dos indivíduos; isso vai depender de cada pessoa.
Figura Primeira placa é Plana e a Segunda é Convexa

RECORTE DA PLACA

O termo recorte refere-se à borda interna da barreira adesiva, que deve ser
perfeitamente adaptada ao tamanho (diâmetro) e ao formato do estoma,
proporcionando uma vedação que impeça o contato do efluente com a pele.
Nesse sentido, a borda interna da placa pode ser pré-cortada, quando a abertura
(pré-corte) da placa é fixa, sem possibilidades de mudança do seu formato ou
tamanho; recortável com pré-corte, quando há um pré-corte e ainda há a
possibilidade de introdução de uma tesoura para aumento do seu tamanho ou
alteração do seu formato, permitindo a adaptação ao redor do estoma
Recortável sem pré-corte, quando a placa não apresenta abertura interna,
permitindo a abertura de um recorte em posicionamento desalinhado da área
central da placa; moldável com pré-corte, quando o aumento e a adaptação da
forma da abertura são realizados com auxílio dos dedos.

FIGURA 01 – Área de aderência a partir do recorte

Recorte máximo
Pré-corte
Área de aderência após recorte
máximo

Diâmetro do pré-corte refere-se à medida, em milímetros (mm), da
circunferência da abertura interna da placa, que já vem pré-cortada de fábrica. As
placas adesivas pré-cortadas devem possuir área de aderência de no mínimo 1,5
cm, que proporcione boa aderência, durabilidade e segurança. Diâmetro do
recorte máximo refere-se à medida, em milímetros (mm), da circunferência
máxima até a qual a abertura interna da placa pode ser recortada (expandida)
para sua adaptação ao formato e ao tamanho do estoma. A placa recortável
geralmente apresenta demarcações com a graduação, em milímetros (mm), das
circunferências para possíveis recortes desde o pré corte até o recorte máximo.
A placa moldável também apresenta circunferência máxima até a qual a abertura

interna da placa pode ser moldada (expandida).
A área de aderência a partir do recorte máximo deve ser de no mínimo 1,5
cm e de no máximo 3,0 cm, que proporcione boa adesividade, durabilidade e
segurança. Nos sistemas de duas peças, a distância mínima entre a região
determinada pelo recorte máximo e o flange deve ser de no mínimo 2,5 mm.

Mínimo 2,5 mm
Pré-corte
Recorte máximo
Flange

Adjuvantes de proteção segurança

No grupo dos adjuvantes que têm como principal função o aumento da
proteção da pele peri estoma, destacamos os seguintes.
Lenço removedor ou limpador – lenço em material não tecido, embalado
individualmente em sachês de alumínio, saturado com solução específica
desenvolvida para remover os resíduos de cola, que podem ser deixados na pele
peri estoma após a retirada da barreira adesiva.
Lenço barreira protetora – lenço em material não tecido, embalado
individualmente em sachês de alumínio, saturado com solução específica
desenvolvida para formar uma película protetora na pele peri estoma, a fim de
protegê-la do efluente do estoma.
Barreira protetora em pasta – resina sintética em pasta, embalada em
tubo, semipermeável à água e permeável à respiração da pele, usada para
corrigir possíveis irregularidades no relevo da pele peri estoma, visando a uma
perfeita adaptação da barreira adesiva.
Barreira protetora em pó – resina sintética em pó, embalada em frascos,
utilizada para absorver possível excesso de umidade da pele peri estoma,
visando a uma perfeita adaptação da barreira adesiva.
Barreira protetora em spray – solução protetora cutânea, em spray,
utilizada para a formação de película protetora sobre a pele em locais de
esfoliação, atrito, aplicação de curativos adesivos ou barreiras adesivas.

Equipamentos por faixa etária

Os equipamentos coletores podem ser classificados ainda quanto à faixa
etária para a qual é indicado, sendo adulto, pediátrico ou neonatal. As
características que diferenciam os equipamentos coletores dessas três categorias
são, principalmente, a dimensão da bolsa, que determina sua capacidade de

armazenamento de efluente, e a dimensão da placa adesiva, que determina a
área de abdome necessária para a fixação do dispositivo.
No que se refere aos dispositivos para neonatos, esses devem ainda
apresentar suavidade e maciez superiores aos dispositivos para crianças e
adultos, considerando que a epiderme dessa clientela ainda é muito frágil. O
tamanho da bolsa deve ser compatível com a quantidade de efluente excretado
em cada eliminação do neonato, e o tamanho da placa adesiva deve ser
compatível com a área abdominal, sendo ambos bem menores ao compará-los
com o dispositivo infantil. Para essa clientela, estão disponíveis apenas
equipamentos para estoma intestinal.
Constata-se que a capacidade de reservatório é uma importante
característica da bolsa coletora, determinada pela sua forma e pelas dimensões
(comprimento e largura), as quais variam de acordo com a faixa etária para a qual
é indicada.
No Quadro estão apresentadas as medidas padrões da dimensão das
bolsas para cada faixa etária.

Faixa etária Comprimento útil (em cm) Largura útil (em cm)
Adulto (drenável) Entre 20 e 30 cm Entre 12 e 18 cm

Adulto (fechada) Entre 16 e 22 cm Entre 12 e 16 cm

Pediátrico Entre 20 e 27 cm Entre 12 e 14 cm

Neonatal Entre 15 e 17 cm Entre 5 e 7 cm

Destaca-se que a bolsa para adulto é considerada de tamanho especial quando
apresentar comprimento acima de 30 cm e largura acima de 16 cm.

Referências:

1. Associação Brasileira de Estomaterapia: estomias, feridas e incontinências (SOBEST). Definições
Operacionais das Características dos Equipamentos e Adjuvantes para Estomas. Rev Estima, 2006; 4(4):40-43.

2. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).Guia para Avaliação de Segurança de Produtos

Cosméticos. Brasília: Ministério da Saúde. 2003. Disponível em: <www.anvisa.gov.br>.
3. Wound, Ostomy and Continence Nurses Society (WOCN). Colostomy and ileostomy products an tips: best
practice guide for clinicians. Mount Laurel, NJ: Wound, Ostomy and Continence Nurses Society; 2013. 15p.